O que é a verdade para Nietzsche? Muitas palavras poderiam ser empregadas para tal constructo, mas vou deixar algumas, um “conceito” breve: verdade é a mentira em rebanho; o que por convenção é aceito por uma ampla maioria é tido como verdade, dizer a verdade é mentir em público.
Em Nietzsche toda palavra é metáfora: um estímulo nervoso em forma de imagem, primeira metáfora; a imagem tranposta em um som; segunda metáfora. A partir dessas metáforas em seus múltiplos significados – as palavras: os conceitos -, o homem está enredado numa trama ficcional inesgotável.
A mentira também é outro peso primordial do homem em rebanho. Mentira é uma verdade, verdade de que tal coisa não é verdadeiro – é mentira.
Verdades e mentiras são ilusões como todas as coisas demarcadas na linguagem; ilusão que não se sabe ser ilusão: eis aí a câmara de tortura da vida.
Poderá perguntar o leitor, mas o seu exposto sobre a verdade para Nietzsche não quer ser verdade? Em certo sentido, se levado à interpretação das palavras, sim. Nesse momento dizemos que a linguagem se quebra nela mesma; mas o importante é a forma como nos relacionamos com as palavras, como somos afetados por elas: ora pois, esse breviário não é senão um afeto do autor sobre aquilo que ele vê em Nietzsche à respeito da verdade. É para além da verdade e da mentira: temos que parar de, como lobos famintos, querer se alimentar de verdades e mentiras, de bem e mal, bom e ruim… e aprender a navegar em novos mares, para além.
Verdade, portanto, não é algo que existisse e que se houvesse de encontrar, de descobrir – mas algo que se há de criar e que dá o nome a um processo.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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